Artur Virgílio Alves dos Reis (Lisboa, 3 de Setembro de 1898 — 9 de Julho de 1955) foi certamente o maior burlão da história portuguesa e possivelmente um dos maiores do Mundo. Foi o cabecilha da maior falsificação de notas de banco da História: as notas de 500 escudos, em 1925.
Filho de uma família modesta—o pai era cangalheiro, tinha problemas financeiros e acabou por ser declarado insolvente—Alves Reis quis estudar engenharia. Efectivamente, começou o primeiro ano do curso, mas abandonou-o para casar com Maria Luísa Jacobetty de Azevedo.
Cedo começaram as falsificações (desengane-se quem pensa que as notas de 500 escudos foram a sua estreia). Em 1916, emigrou para Angola, para tentar fazer fortuna e assim escapar às humilhações que lhe eram impostas pela abastada família de Luísa, devido à diferença de condição social. Aí, fez-se passar por engenheiro, falsificando um diploma de Oxford, de uma escola politécnica que nem sequer existia: : a Polytechnic School of Engineering.
Mas passemos o caso das notas de 500 escudos: foi durante o tempo da prisão (a que foi condenado por ter tentado apoderar-se da companhia Ambarca passando cheques sem cobertura) que Alves dos Reis concebeu o seu plano mais ousado. A sua ideia era falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal – o banco central emissor de moeda, e que na altura era uma instituição parcialmente privada –o que lhe permitiria obter notas ilegítimas mas impressas numa empresa legítima e com a mesma qualidade das verdadeiras.
Em 1924, Alves dos Reis contactou vários cúmplices, entre os quais o financeiro holandês Karel Marang Van Ijsselveere, Adolph Hennies (um espião alemão), Adriano Silva, Moura Coutinho, Manuel Roquette e especialmente José Bandeira.
Um pormenor importante era que José Bandeira era irmão de António Bandeira, o embaixador português em Haia.
Alves dos Reis preparou um contrato fictício e conseguiu que este contrato fosse reconhecido notarialmente. Através de José Bandeira, obteve também a assinatura de António Bandeira. Conseguiu ainda que o seu contrato fosse validado pelos consulados da Inglaterra, da Alemanha e França. Traduziu o contrato em francês e falsificou assinaturas da administração do Banco de Portugal.
Através de Karel Marang, dirigiu-se a uma empresa de papel-moeda holandesa, mas esta remeteu-os para a empresa britânica Waterlow & Sons Limited de Londres, que era efectivamente a casa impressora do Banco de Portugal. Em 4 de Dezembro de 1924, Marang explicou a sir William Waterlow que, por razões políticas, todos os contactos ligados à impressão das novas notas deveriam ser feitos com a maior das discrições. O alegado objectivo das notas era conceder um grande empréstimo para o desenvolvimento de Angola. Cartas do Banco de Portugal para a Waterlow & Sons Limited foram também falsificadas por Alves dos Reis.
Alves dos Reis pretendia com toda esta fraude gigantesca fundar o Banco Angola e Metrópole, para investir em Angola e, posteriormente, tentar controlar a maioria das acções do Banco de Portugal, de forma a cobrir as falsificações e abafar qualquer investigação, situação que esteve prestes a conseguir.
Ao longo de 1925 começaram a surgir rumores de notas falsas, mas os especialistas de contrafacção dos bancos não detectaram nenhuma nota que parecesse falsa. A partir de 23 de Novembro de 1925, Alves dos Reis e os negócios pouco transparentes do Banco de Angola e Metrópole começam a atrair a curiosidade dos jornalistas de O Século – o mais importante diário português de então. A burla é publicamente revelada em 5 de Dezembro de 1925 nas suas páginas.
Alves dos Reis é preso a 6 de Dezembro, quando se encontrava a bordo do “Adolph Woerman” ao regressar de Angola. Surpreendentemente tinha apenas 28 anos nesse momento.
A maior parte dos seus associados são também eles presos.
Foi libertado em Maio de 1945, e mesmo depois da maior fraude da história portuguesa, este campeão das ilegalidades voltou a reincidir. A 12 de Fevereiro de 1952, sete anos depois, burlou em 60 mil escudos (299.27 euros) um negociante de Lisboa, a quem prometera 6 400 arrobas de café angolano, inexistentes. Em 1955 foi condenado a quatro anos de prisão, pena que não chegou a cumprir, pois morreu de ataque cardíaco em 9 de Junho de 1955, na pobreza.
Epílogo
– A 6 de Dezembro, o Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos.
– A fraude criou uma tal crise de confiança na população em relação aos poderes públicos que há mesmo quem considere que pode ter facilitado a Revolução de 28 de Maio de 1926, que derrubou o presidente da República Bernardino Machado e deu origem à ditadura e, a partir de 1932, ao Estado Novo de Salazar.
– Em 2000, a história de Alves dos Reis foi adaptada para a TV por Francisco Moita Flores e apresentada como minissérie pela RTP.
– Em 27 de Outubro de 2005 decorreu um leilão com umas das notas falsas de Alves dos Reis com base de licitação estimada no valor de 6 500 euros.
Se estiveres interessado em saber mais pormenores sobre este burlão, no mínimo, genial, consulta aqui.
Em 1935 contava-se em Portugal a seguinte anedota:
Salazar, preocupado com situação financeira portuguesa, queixou-se a um amigo, e este disse-lhe:
“Isso não é problema, com dez escudos eu sou capaz de solucioná-lo.”
“Mas como?” – perguntou Salazar.
“É exactamente o preço do transporte: vamos de carro até à penitenciária, tiramos de lá o Alves Reis, e você troca de lugar com ele.”
o caso do Alves dos Reis está concluido, o homem foi preso, não sei quem ficou com tanto dinheiro na altura, e que ia dando uma bancarrota em Portugal.
Mas felizmente e graças a mário soares não tivemos uma bancarrota, mas sim 3 bancarrotas
esta justiça dops tempos modernos é simplesmente horrososa e inimiga de Portugal, é um compafrio de tal ordem que andam os gatunos banqueiros amigos da justiça, tudo á solta
quando sera que, o tribunal constitucional tem de prestart contas á nação, pelo mortágua estar em liberdade
este terrorista, assaltou o nosso banco de Portugal. isto é constitucional?
Aprecio a inteligência e a audácia de Alves dos Reis. O que ele fez não é para qualquer um… Os corruptos de agora são menos inteligentes. Possuem é outros meios ou estão em lugares de topo para fazer as suas falcatruas. Puta que os pariu a todos.
Alves dos Reis, deixou uma grande descêndencia em Portugal!
o que aconteceu à sua esposa , foi visitá-lo á cadeia
É no que dá viver numa democracia do 3.º mundo. Quem for pedófilo, traficante de diamantes ou de influências, ou tiver genros bem posicionados, não é condenado, é premiado e branqueado! Entretanto, a Nação empobrece, e passa fome ou morre por falta de assistência médica!
Tenho uma nota .mas está com assinaturas.penso que seja verdadeira.quanto poderá valer. jorge gonçalves
Troca por troca, ficariamos mal servidos, ja que actualmente temos burlões quanto baste, começando pelos fundadores do BPP e BPN incluindo os principais clientes depositantes, nomeadamente o PADRINHO pai deles todos/Cavaco Silva e seus subordinados do clã, Cadilhes, Duartes Limas, Durões Barrosos, Dias Loureiros e tantos outros do mesmo partido PSD’s como se constata.
Estes serão considerados os maiores burlões/ladrões e corruptos de todos os tempos, ficando ligados directamente e para sempre ao sistema da maior ROUBALHEIRA e LAVAGEM DE DINHEIRO de que há memória no nosso país.
hahahahah a anedota tá brutal xD
foi bastante interessante ver falsificações do Alves dos Reis em primeira mão, graças à vossa visitinha fofa ao museu da PJ. O gajo era realmente genial xD
Será que não o podemos ressuscitar para trocar pelo lugar do Sócrates? Era uma decisão sensata…